Este é um dos "blogs" da Casa Comum das Tertúlias. Estão todos convidados a enviar textos ou notícias de actividades para o "blog". O nosso "blog" não pretende ser usado para difamar ninguém, nem para fomentar o boato. Para isso, há muitos outros que podem servir esses intentos. Em tempos de Censura, aqui estamos para exterminá-la e dar combate aos novos inquisidores.

terça-feira, novembro 30, 2004

BASTA!


Os milhões de eleitores que elegeram (por duas vezes) Jorge Sampaio, para a Presidência da República, estão desiludidos, os que o combateram, agora, dizem que é isento, imparcial e sensato, quando, até nomear Pedro Santana Lopes (PSL) como Primeiro-Ministro (PM), não se cansavam de recordar a sua militância socialista, temendo as eleições antecipadas, que a realizarem-se, provavelmente perderiam, e que portanto o Presidente da República (PR) iria fazer um favor ao seu partido.
Os apoiantes de Jorge Sampaio não queriam que este favorecesse o seu partido, que este favorecesse a esquerda, queriam, isso sim, a oportunidade de eleitoralmente punir o partido e coligação, com maioria absoluta na Assembleia da República, cujo primeiro-ministro fugiu (depois de, na campanha eleitoral que levaria a direita ao poder e já no Governo acusarem até à exaustão o PS de ter fugido às suas responsabilidades).
Votei em Jorge Sampaio por pensar que era um republicano, um homem de esquerda, um democrata, que punha a legitimidade democrática das decisões à frente da governabilidade, da estabilidade, se é que estas estavam em causa!
Será que um primeiro-ministro não eleito, em democracia, terá toda a autoridade de que necessita para governar, sobretudo não estando o país em fase de transição política?
Como irá continuar a enfrentar toda a contestação que se seguir? Com a polícia de choque? Já que as tentativas de censura (felizmente tão ineptas e boçais que não enganam ninguém) não resultam.
Quantos não lhe irão continuar a lembrar que está num cargo para o qual não foi eleito?
Queixa-se da contestação de que é alvo! Se isso acontece é porque os (eleitores) portugueses não foram tidos nem achados para escolher o seu Primeiro-Ministro e em Democracia devia ter sido sufragado.
Queria PSL que os portugueses, quais ovelhas, seguissem o pastor (PM) alegremente?
O Interior português, em especial, boicotado pelo Governo na sua tentativa de investimento “premiará” a direita no Poder com um verdadeiro descalabro eleitoral. Pelo menos tudo tem feito para merecê-lo.
Hoje, o PR, Jorge Sampaio não é um homem só… antes fosse, está é muito mal acompanhado: os que o elegeram abandonaram-no (e já pouco ou nada esperam dele) e os que o combateram, porque conjunturalmente tomou uma decisão que lhes é favorável elogiam-no.
Os seus apoiantes sinceros, defraudados, abandonam-no, resta-lhe o apoio conjuntural (enquanto, primando pela ausência de uma atitude, continuar a servir a direita), interesseiro e falso dos que o combateram toda a vida.
Contra a opinião do Conselho Estado, resolveu dar uma oportunidade à coligação de direita, a um PM com um passado pouco recomendável (repleto de tarefas inacabadas, de compromissos rompidos), infelizmente, tudo fez para confirmar os receios de quem se opôs à sua nomeação…
Jorge Sampaio alegou apostar na estabilidade (não passa uma semana sem que o próprio governo se mostre à beira da ruptura), disse apostar numa mesma política financeira (radicalmente invertida do Governo Barroso para o Governo Santana Lopes, cada uma pior que a outra e sobre a qual o Ministro das Finanças e o PM não se entendem!)…
Pede-se a um PR que esteja atento e envie sinais quando não concorda com o rumo dum Governo, do País. Se lança avisos e não é ouvido, tem de actuar, se se cala torna-se co-responsável pelas más políticas governativas.
Um Governo mais preocupado com a sua imagem do que em Governar, merece continuar?
Um Governo que é oposição a si próprio merece governar?
Um Governo que quer censurar os seus cidadãos, visto à luz duma constituição democrática, merece governar?
Um Governo com graves intromissões nas eleições regionais e que apoia um líder político (Alberto João Jardim), que no discurso de vitória diz que vai eliminar os seus adversários merece que se lhe dê qualquer crédito?
O Governo quer provocar a sua própria queda? Então, é o golpe de misericórdia que merece.
Que espera Senhor Presidente, que o Governo caia na rua? A breve trecho, terá de lidar com a desobediência civil. Entre esta e novas eleições legislativas escolha!
Demita este Governo e a seguir demita-se, Sr. Presidente.
Antes que o Povo, obviamente, o demita a si.

Luís Norberto Lourenço
(um cidadão e eleitor defraudado, no entanto, atento)