Este é um dos "blogs" da Casa Comum das Tertúlias. Estão todos convidados a enviar textos ou notícias de actividades para o "blog". O nosso "blog" não pretende ser usado para difamar ninguém, nem para fomentar o boato. Para isso, há muitos outros que podem servir esses intentos. Em tempos de Censura, aqui estamos para exterminá-la e dar combate aos novos inquisidores.

sexta-feira, julho 11, 2008

Museus é que está a dar! (I)

Ponto prévio, ontem pela tarde exercemos a cidadania da maneira possível (vários tertulianos e outros amigos o comprovarão), hoje, já com acesso à "artilharia pesada", como quem diz, "blogosfera", tomamos uma posição.

Antes de mais a reportagem e em especial a citação que merece o nosso vivo repúdio:

"Todo o espólio encontrado vai agora ser inventariado e guardado no Museu do Canteiro, em Alcains. Mas dada a quantidade de material descoberto há quem defenda a criação de um pólo museológico do castelo."

(João Carrega, "Reconquista", 10/07/2008)


Mais um...
Os coelhos não se livram duma certa fama, na verdade, se não se cuidam arriscam-se a ser ultrapassados pela chuva de propostas museológicas para a Beira Baixa!
Museu do Brinquedo, da Seda, da Latoaria, da Resina...
Já lá iremos...


Antes damos voz ao António Veríssimo, com cujas palavras concordamos:
"Como albicastrense e antigo trabalhador do Museu Francisco Tavares Proença Júnior, ao ler esta parte do artigo, fiquei com os poucos cabelos que ainda tenho na cabeça em tumulto. Porque raio se levanta a hipótese do espólio encontrado no castelo da nossa cidade, ir parar ao Museu do Canteiro de Alcains e não ao Museu Albicastrense!?Quero acreditar que tudo não passa de um mal entendido… pois como antigo trabalhador do museu, fui testemunha de várias colaborações, entre os actuais responsáveis da nossa autarquia e o museu albicastrense.O destino deste espólio, terá que passar sempre por Castelo Branco, a saída deste espólio da nossa cidade seria considerada pelos albicastrenses como “um insulto e uma traição, à nossa cidade e aos albicastrenses assim como às suas instituições”.Meus senhores, decorrem até 2010 as comemorações relativas ao centenário do Museu Francisco Tavares Proença Júnior, 100 anos de um percurso muito difícil e cheio de espinhos.
Cem anos: Em que a arqueológica começou por ser a sua espinha dorsal, porém com o passar dos tempos tornou-se exigente e especializou-se em etnografia e pintura, na década de 70 adquiriu notoriedade na área do bordado de Castelo Branco. Cem anos: Em que andou tipo cavaleiro andante, com a tralha às costas por vários lugares. Germinou e foi baptizado na Capela do Convento de Santo António, transferiu-se para o edifício da Antiga Escola Normal Primaria, onde ganhou formação escolar, transferiu-se de novo para o convento de Santo António onde prossegue a sua formação religiosa, transfere-se para o edifício do actual Conservatório Regional onde adquire formação musical, transferiu-se para o edifício do Governo Civil, onde ganha formação politica, por fim pega na trouxa e assenta definitivamente residência no antigo Paço Episcopal, onde aprende a arte do bordado de Castelo Branco.
A ida deste espólio, (seja ele qual for) para fora da nossa cidade, seria mais uma machadada no fundador do museu albicastrense, que na sua cova perguntará: “que mal fiz eu a esta gente para ser tratado desta maneira”."

(António Veríssimo, blog "Castelo Branco - O ALBICASTRENSE", http://castelobrancocidade.blogspot.com/, 10/07/2008)


Sou Albicastrense (alguns dos que estão a maltratar a história nossa cidade NÃO), sou Licenciado em História (alguns dos que escondem, manipulam e vendem o nosso Património, possuem o 9º ou 12º, quando muito, um deles perguntou-nos se pensávamos que era analfabeto... se tem o 9.º ano, não é!), sou o sócio n.º 208 da SAMFTPJ (ser amigo dum museu significa querer-lhe bem, querer que tenha mais e melhores recursos humanos e financeiros, melhor oferta e consequentemente mais visitantes), sou membro do Grupo de Trabalho Para a Carta Patrimonial da Beira Baixa / Rede Cultural (conjunto de pessoas que se reúnem mensalmente e que só querem saber do Património duas ou três horas por mês? Não queremos acreditar nisso!), criado no âmbito da SAMFTPJ, fundei em 5 de Outubro de 2001 a Casa Comum das Tertúlias, plataforma e formato de intervenção para lutar pela Cultura e pela Cidadania, de quem não se resigna à Prostituição Cultural e a uma Cidadania Calculista!

Vamos aos factos, sobre a reportagem do semanário "Reconquista" e em concreto ao "aventar" de mais uma proposta museológica.
Comecemos pelas perguntas que importa fazer:
Ao jornalista e Dr. João Carrega preguntamos quem é que defende um pólo museológico do castelo? Se não é Segredo de Estado queremos saber quem o defende... ou terá pedido anonimato?
O espólio seria das escavações arqueológicas a cargo da Novarqueologia, para a CMCB?
Ora bem, havendo um Museu do Estado, o Museu de Francisco Tavares Proença Júnior que o acervo mais importantes é a sua colecção de Arqueologia, porque levar o espólio para o Museu do Canteiro (CANTEIRO) de Alcains? E para quê criar um novo?
Insere-se esta lógica no esvaziamento no MFTPJ... a caminho da municipalização? (com menos dinheiro, com menos funcionários, em vias de perder a escola de bordados de Castelo Branco para o Pólo Cargaleiro, chegou a vez do "desvio" dos materiais arqueológicos )
Estaria tudo muito bem se os nossos museus tivessem recursos financeiros e humanos para poderem cumprir a sua função, o que manifestamente não é o caso! Basta ler (e ouvir) as intervenções de vários actuais directores e ex-directores, não só do MFTPJ, sobre a questão dos recursos.
Perguntamos pois, se aos museus que existem não lhes são dados os recursos mínimos para cumprir a sua missão, para quê criar museus novos? Com que dinheiro? Com quantos funcionários? Quais as suas qualificações (primeiro ocupam as vagas e depois vão tirar os cursos...) dos mesmos?
Defendi noutro espaço, em Maio de 2007, que as iniciativas do tipo "noite no museu", se multiplicassem, uma vez por semana já seria positivo ou uma vez por mês. Neste cenário de incúria pelos museus existentes e de verdadeiro delírio na quantidade de propostas de vários outros, tal é no mínimo utópico e no entanto possível, se se inverter a tendência.
No próximo "post" voltaremos ao assunto.

Nem de propósito, o Museu Académico de Castelo Branco quando reabre?

A quem quer tornar o MFTPJ descartável, dizemos: NÃO!
A SAMFTPJ que coloque os "jogos de cintura" de lado e se manifeste!

A bem de Castelo Branco,
Luís Norberto Lourenço

Mais:
http://www.reconquista.pt/noticia.asp?idEdicao=135&id=7522&idSeccao=1287&Action=noticia

Ainda sobre o tema:
http://porterrasdoreiwamba.blogspot.com/2008_07_01_archive.html

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