Manifesto contra o medo
Perguntava-me um colega de profissão, depois de ler um dos meus últimos textos publicados: “Não estás a pensar candidatar-te a nenhum cargo público nos próximos vinte anos, pois não?”
Que terei eu dito de tão grave para motivar a pergunta? Limitara-me a denunciar uma situação, relatando nada mais que a verdade. Um escândalo!!
Ainda sobre o mesmo assunto disseram-me: “Prepara-te para as reacções. Vais sofrer muitas pressões.”
O medo atrofia o pensamento e a acção.
O medo limita, quando não mata, a criatividade, a crítica.
Hoje teme-se tudo e todos.
Poucos são aqueles que ao escreverem não medem as palavras, com receio que lhes venham pedir contas.
Não pensem que falo de medir as palavras quanto a difamar a alguém, falo do direito em reivindicar o que é justo, de denunciar situações anómalas.
Não há censura política, mas a censura económica – pressão/coacção económica – sente-se, sendo primordialmente causada pelas grandes (e pequenas) concentrações dos meios de comunicação social: periódicas (revistas e jornais), rádios e televisões.
O maior problema que a censura acarreta, seja ela explícita ou implícita, directa ou indirecta, imposta ou auto-imposta, é a auto-censura.
Nota-se frequentemente que, muitos autores de textos, assinam com siglas, pseudónimos, ou nem sequer assinam, ou quando se trata de cartas dos leitores, muitas vezes aparece: “leitor devidamente identificado”.
Para lutar contra isto, assino sempre com três (dos meus seis) nomes: Luís Norberto Lourenço, para não ser confundido com mais ninguém, serei sempre eu o responsável, para o bem e para o mal, pelo que digo e escrevo.
Também nas entrevistas (inseridas em reportagens), muitas [os] dos entrevistados – quando não se recusam a sê-lo – tapam a cara não por ter vergonha de ter feito algo errado, mas por medo de falar, quando denunciam certas situações, temendo ser prejudicados.
Defendo o combate ao medo.
Só se pode combatê-lo, falando, escrevendo, criticando, indignando-se, provocando-se e [,] subvertendo se for preciso e publicando clandestinamente.
Ter medo aumenta-o.
Não ter medo diminui-o.
A intervenção, a crítica crítica (crítica construtiva), o inconformismo, são o sal da Democracia.
Talvez, eu só não tenha medo porque sou inocente ou ingénuo, quiçá louco ou suicida.
Os ditadores não gostam dos loucos lúcidos, também Erasmo no seu “Elogio da Loucura” não gostava propriamente dos ditadores do seu tempo (diria de todos os tempos), talvez porque os loucos pensem e actuem “demasiado” livremente.
O único medo que tenho é: ter medo de ter medo.
Falar e escrever livremente devia ser o mais normal numa sociedade democrática, mas pelos vistos, nem nestas nos podemos exprimir livremente, sendo que quem ou [o] faz, é para uns, um alvo a abater e para outros um herói.
Falar é preciso, sem medo!
Não me calarei!
Não me calarão!
Por nós, contra o medo… defendo a Abolição do Medo
Luís Norberto Lourenço
· Publicado no “Reconquista”, "Gazeta do Interior", "Fonte Nova", "O Distrito de Portalegre" e "Imenso Sul" em Maio de 2001.
Que terei eu dito de tão grave para motivar a pergunta? Limitara-me a denunciar uma situação, relatando nada mais que a verdade. Um escândalo!!
Ainda sobre o mesmo assunto disseram-me: “Prepara-te para as reacções. Vais sofrer muitas pressões.”
O medo atrofia o pensamento e a acção.
O medo limita, quando não mata, a criatividade, a crítica.
Hoje teme-se tudo e todos.
Poucos são aqueles que ao escreverem não medem as palavras, com receio que lhes venham pedir contas.
Não pensem que falo de medir as palavras quanto a difamar a alguém, falo do direito em reivindicar o que é justo, de denunciar situações anómalas.
Não há censura política, mas a censura económica – pressão/coacção económica – sente-se, sendo primordialmente causada pelas grandes (e pequenas) concentrações dos meios de comunicação social: periódicas (revistas e jornais), rádios e televisões.
O maior problema que a censura acarreta, seja ela explícita ou implícita, directa ou indirecta, imposta ou auto-imposta, é a auto-censura.
Nota-se frequentemente que, muitos autores de textos, assinam com siglas, pseudónimos, ou nem sequer assinam, ou quando se trata de cartas dos leitores, muitas vezes aparece: “leitor devidamente identificado”.
Para lutar contra isto, assino sempre com três (dos meus seis) nomes: Luís Norberto Lourenço, para não ser confundido com mais ninguém, serei sempre eu o responsável, para o bem e para o mal, pelo que digo e escrevo.
Também nas entrevistas (inseridas em reportagens), muitas [os] dos entrevistados – quando não se recusam a sê-lo – tapam a cara não por ter vergonha de ter feito algo errado, mas por medo de falar, quando denunciam certas situações, temendo ser prejudicados.
Defendo o combate ao medo.
Só se pode combatê-lo, falando, escrevendo, criticando, indignando-se, provocando-se e [,] subvertendo se for preciso e publicando clandestinamente.
Ter medo aumenta-o.
Não ter medo diminui-o.
A intervenção, a crítica crítica (crítica construtiva), o inconformismo, são o sal da Democracia.
Talvez, eu só não tenha medo porque sou inocente ou ingénuo, quiçá louco ou suicida.
Os ditadores não gostam dos loucos lúcidos, também Erasmo no seu “Elogio da Loucura” não gostava propriamente dos ditadores do seu tempo (diria de todos os tempos), talvez porque os loucos pensem e actuem “demasiado” livremente.
O único medo que tenho é: ter medo de ter medo.
Falar e escrever livremente devia ser o mais normal numa sociedade democrática, mas pelos vistos, nem nestas nos podemos exprimir livremente, sendo que quem ou [o] faz, é para uns, um alvo a abater e para outros um herói.
Falar é preciso, sem medo!
Não me calarei!
Não me calarão!
Por nós, contra o medo… defendo a Abolição do Medo
Luís Norberto Lourenço
· Publicado no “Reconquista”, "Gazeta do Interior", "Fonte Nova", "O Distrito de Portalegre" e "Imenso Sul" em Maio de 2001.
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