Falemos de Igualdade…
Os números não mentem…
Em 16 ministros do futuro Governo socialista, apenas dois são mulheres.
Em 308 presidentes de câmara, 15 são mulheres.
Em 230 deputados da Assembleia da República, só 30% são mulheres.
Em mais de 850 anos de História, apenas uma mulher foi Primeiro-ministro, por poucos meses, Maria de Lurdes Pintassilgo, num dos primeiros governos a seguir ao 25 de Abril de 1974.Entre os Presidentes dos Governos Regionais: dos Açores e da Madeira, Ministros da República: na Madeira e nos Açores, Governadores de Macau, os Presidentes da Assembleia da República, Presidentes da República, Presidentes do Tribunal Constitucional… nem uma só mulher.
No entanto, a maior parte dos estudantes universitários são mulheres.
No entanto, a maior partes dos docentes das escolas são também mulheres.São dados concretos e objectivos de 2005, em Portugal.
Trabalho igual, salário igual
Na minha opinião, a Igualdade (entre sexos) deve ser promovida com medidas concretas, práticas e não ficar por ideias abstractas, de pura retórica, sem consequências.
Defendo que mulheres e homens, por um mesmo trabalho, por um mesmo desempenho, num mesmo local de trabalho, devem receber o mesmo salário. O que para mim e para muitos parece óbvio, ainda não é uma realidade, se hoje os trabalhadores e as trabalhadoras do Estado (funcionários públicos ou equiparados, da Administração Pública, Central e Local) recebem o mesmo, no sector privado (essa oitava maravilha!) isso não acontece e em média uma mulher recebe – fazendo o mesmo trabalho que um homem – dois terços (66,6%) do salário dum homem.
As mulheres na Política
As mulheres na Política
A fraca participação das mulheres na vida política deve-se à ausência de três emancipações femininas: social, económica e familiar.Se estas três emancipações fossem realidades e não utopias… em muitas sociedades, em muitos países, ontem como hoje, também em Portugal, a participação das mulheres na vida política seria facilitada e promovida, visto serem criadas condições que o permitem e que hoje o impedem.
Na sociedade, sendo a mulher maioritária, não se percebe uma atitude submissa e que a leva aceitar, em troca de um tratamento igual, pequenas, ditas, gentilezas, como que compensando a falta de igualdade real.Na esfera familiar: a partilha de tarefas domésticas, na lida da casa, entre o casal (que deve ser incutida desde a infância pelos educadores, tendo a mãe, enquanto mulher responsabilidade de ser um agente activo na promoção da igualdade), libertará a mulher (porque é ela a mais sacrificada) para essa participação política… cívica e associativa.
O alargamento da rede pública (a todos os concelhos e a cada freguesia) de creches e de infantários é, assim, não uma quimera, não uma reivindicação impossível de atender, mas uma prioridade absoluta. Um maior apoio à mulher, enquanto mãe (e ao homem, enquanto pai), isto é, à família, permitindo um acesso generalizado à escolaridade desde o pré-escolar, é muito mais importante do que um ensino superior público e gratuito (que defendo), porque é no inicio que a vida é mais difícil para os pais e mais necessário o apoio aos mesmos enquanto tal. Na área económica: se uma mulher receber o mesmo salário que um homem, por um mesmo trabalho, então ficará mais independente, menos condicionada economicamente, para poder participar activamente na vida política.
A questão das quotas
A questão das quotas
A ideia de introduzir quotas nas listas partidárias, nas listas de candidatos a vários cargos políticos, no acesso ao emprego… pode ser uma medida positiva, dita de discriminação positiva, mas a meu ver, promove uma igualdade passiva e não activa, isto é, não promovendo e compensando o mérito. Porque uma pessoa não entra para uma lista por ser um bom profissional, um bom político, mas por ser mulher independentemente de haver alguém do outro género mais capaz. Na verdade se não fosse um sistema de quotas ainda teríamos menos mulheres na política do que o que temos hoje, o que digo é que temos de avançar e atacar o problema a montante, evitando ao mesmo tempo que se crie a ideia de injustiça entre os homens que ficam sem um lugar, apenas por serem homens, por excederem a sua quota e não por serem piores: profissionalmente ou politicamente. A população portuguesa é, aproximadamente, 52% composta por mulheres, sendo 48% homens (Censos de 2005). Por isso, a respeitar-se integralmente esta quota demográfica, então 52% dos docentes deviam ser mulheres? Assim como, os trabalhadores nas fábricas de têxteis?
Durante muito tempo, a palavra duma mulher, em tribunal, nada valia.Durante muito tempo, uma mulher solteira ou casada não podia viajar sozinha para o estrangeiro, não acontecendo o mesmo com homens solteiros ou com os maridos. Isto aconteceu em Portugal, até à Revolução dos Cravos!
Acredito que para algumas mulheres, a liberdade e a igualdade seja poder ir a uma discoteca, fumar, poder usar calças, usar um corte de cabelo curto… aspectos porventura importantes! Na verdade, a razão porque tantos (as) morreram no campo de batalha e nas prisões políticas, onde foram torturados e espancados, foi certamente para o exercício do direito de todos ao voto (independentemente do sexo), foi certamente pelo direito à alfabetização de todos: ricos e pobres, homens e mulheres, independentemente da cor, foi certamente para que o cidadão e cidadã fossem iguais perante a lei e sobretudo, para o livre acesso ao emprego, sem discriminação de sexo ou outra qualquer. A liberalização dos costumes, a questão do divertimento terá a sua importância, mas será o fundamental?
Durante muito tempo, a palavra duma mulher, em tribunal, nada valia.Durante muito tempo, uma mulher solteira ou casada não podia viajar sozinha para o estrangeiro, não acontecendo o mesmo com homens solteiros ou com os maridos. Isto aconteceu em Portugal, até à Revolução dos Cravos!
Acredito que para algumas mulheres, a liberdade e a igualdade seja poder ir a uma discoteca, fumar, poder usar calças, usar um corte de cabelo curto… aspectos porventura importantes! Na verdade, a razão porque tantos (as) morreram no campo de batalha e nas prisões políticas, onde foram torturados e espancados, foi certamente para o exercício do direito de todos ao voto (independentemente do sexo), foi certamente pelo direito à alfabetização de todos: ricos e pobres, homens e mulheres, independentemente da cor, foi certamente para que o cidadão e cidadã fossem iguais perante a lei e sobretudo, para o livre acesso ao emprego, sem discriminação de sexo ou outra qualquer. A liberalização dos costumes, a questão do divertimento terá a sua importância, mas será o fundamental?
Lutemos todos por uma sociedade mais justa e igualitária, não nos aspectos formais, que pouco interessam, sim em aspectos concretos da vida quotidiana. Já!
Luís Norberto Lourenço
Castelo Branco, 8 de Março de 2005, Dia Internacional da Mulher
P.S.
1. Na passada segunda-feira, perante uma Assembleia de mais de cem pessoas, em Castelo Branco, onde se encontravam muitas mulheres, apresentei “pela rama” estas mesmas propostas, ninguém comentou nada, nem as mulheres acharam por bem reforçar a minha intervenção, neste aspecto concreto. Concluí, pois, que as presentes se sentem bem com a vida que levam, ou eram todas funcionárias públicas e estas questões, nomeadamente o aspecto salarial, não as afecta.
2. No referendo sobre aborto (1998), apenas votaram 32% dos eleitores. Mas o número de eleitores mulheres ultrapassa os 52%!!! Não são as mulheres as mais penalizadas pelo aborto: física e psiquicamente? Talvez não! Abstiveram-se…
3. É possível que haja silêncios de ouro, estes foram… de chumbo!
3. É possível que haja silêncios de ouro, estes foram… de chumbo!
Ver também em:
http://cctertulias.blogs.sapo.pt
http://cctertulias.blogs.sapo.pt
http://miarroba.com/foros/ver.php?foroid=519824&temaid=3458628
http://visaoonline.clix.pt/paginas/mensagemDetalhe.asp
http://visaoonline.clix.pt/paginas/mensagemDetalhe.asp
- Publicado no "Diário Regional de Viseu", 10/3/2005.
- Publicado no "Diário XXI", 14/3/2005, ver on-line em: http://www.diarioxxi.com/?lop=artigo&op=a5771bce93e200c36f7cd9dfd0e5deaa&id=636b1370d6dfae91f2042eef96c994b1
- Publicado no "Povo da Beira", 15/3/2005.
- Publicado no "Notícias da Covilhã", de 25/3/2005.
- Publicado (em versão reduzida) no jornal escolar "Baril", Março/2005.
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