Helicóptero*
HELICÓPTERO
Ao Liberto Cruz
Não. Não é nada.
Um pássaro de ferro
- podeis continuar
dormindo a sesta -
um helicóptero
baixando
trazendo
no ventre
alguns feridos
mortos em combate.
Não é nada. Banal
acontecimento. Podeis
- em verdade - continuar
dormindo a sesta.
Um ruído da vida,
um ruído da morte.
E quem vai chorar?
Assim estava escrito
no grande livro branco
das ordens a cumprir.
Eles terão certamente
as medalhas e os louvores
depois da vida...
Que justificação
darão a Deus?
Um pássaro de ferro
sem lirismo
baixando
trazendo
no ventre
alguns feridos
mortos em combate.
Vamos lá... Um metro e tal
em cova aberta
e tudo ficará certo,
perenemente
certo...
*Por: António Salvado
(retirado de Cicatriz, 1965)
Nota editorial:
Se não é uma manifesto pela Paz ou um grito contra a Guerra, o que é?
(Rectificado às 23h 06m de 06/02/2011... faltavam as últimas estrofes,
as nossas desculpas, ao autor e a quem viu a versão anterior incompleta)
Etiquetas: António Salvado, Cicatriz, Guerra Colonial, Helicóptero, Paz, Poema, Poesia
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