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quarta-feira, janeiro 11, 2006

Crónica cultural: teatro*

Opinião / Correio do Leitor

Crónica cultural: teatro


Quinta-Feira, 12 de Janeiro de 2006

Há cães à solta no panorama cultural albicastrense e em boa hora largaram a coleira, metendo mãos à obra para enfrentar o primeiro obstáculo a quem trabalha: a inveja.
Quem ousa fazer obra não deve preocupar-se com apoios, financiamentos, públicos, clientes, espaços para apresentar a obra... o maior obstáculo é mesmo e prioritariamente enfrentar e resistir à inveja. Percebendo que a inveja como o boato só se vencem “não lhes dando cavaco”.
Na noite de sábado passado, tive ocasião de assistir, no Cine-Teato Avenida, em Castelo Branco, à peça de teatro “As mãos de Abraão Zacut”, de Luís de Stttau Monteiro, representada pelo Grupo de Teatro “Cães à Solta”, de Alcains (Castelo Branco).
Não sou crítico de teatro, por isso, esta não é uma crítica teatral, nunca li a obra de Luís de Sttau Monteiro, ficando no entanto muito motivado para a ler, quem me acompanhava nessa noite, mais conhecedora da sua obra, referiu ser uma peça de temática forte.
Uma boa assistência teve ocasião de assistir e participar numa peça que manifestamente lhe agradou.
Antes da peça, a noite começou por ser abrilhantada por um momento musical e poético, a cargo duma jovem associação de Castelo Branco, a “Arco da Velha”. “Cães à Solta” foi criado recentemente, sendo esta a sua peça de estreia.
Para quem não conhece a obra nem assistiu à peça, a temática é a da Segunda Guerra Mundial, mais particularmente o Genocídio dos Judeus e a “vida” nos campos de concentração.
Esta crónica tem alguns objectivos: saudar o novo grupo de teatro, não tanto pela sua criação, mais pela qualidade do seu trabalho e reflectir sobre o tema da peça.
Cada história é feita de várias histórias que se cruzam, aqui se falam sobre aqueles que se calam perante as injustiças, só reagindo quando os atingem, o fatalismo de alguns e os que não se conformam com aquilo a que o destino lhes parece reservar e lutam contra ele, sobre aqueles que ganham com a crise alheia, sobre a manipulação das pessoas.
Aristides de Sousa Mendes, cônsul português em Bordéus, salvou milhares de pessoas do mesmo destino trágico de que fala a peça, pagou profissionalmente por isso. Salazar ordenara-lhe para não passar vistos aos judeus, Sousa Mendes “ousou” pensar e tomar uma opção, salvar milhares de pessoas, ganhando o ódio do ditador. Oliveira Salazar que não queria a inimizade do “irmão ideológico” Hitler, apesar de tudo, fazia por aparecer perante os Aliados que combatiam as forças do Eixo, como o salvador dos judeus, enquanto que internamente esmagava um funcionário que lhe desobedecera.
Por isso, todas as homenagens que se façam a ASM serão poucas. Um professor do tempo da universidade, questionado por mim, o qual não vou fazer o favor de nomear, condenou ASM, dizia que um funcionário tem de cumprir ordens! Não interessa que do seu incumprimento se tenham salvo milhares de pessoas? É esta postura “cega” perante a lei, o poder, a postura da direita salazarista.
As “razões de Estado” que tanto mal fazem aos povos que supostamente dizem proteger e defender, fizeram muitas vítimas ao longo da História Mundial. Durante a Guerra Civil de Espanha (1936-1939), Salazar, para não prejudicar a “boa vizinhança ibérica”, entregou nas mãos assassinas e vingativas do aliado ideológico, Franco, os espanhóis republicanos que se tinham refugiado em Portugal.
(...)
Que a estes Cães à Solta ninguém lhes reserve um lugar nalgum qualquer canil cultural.
Pois, a inveja reinante tem como alvo os bons, os que fazem estalar a modorra, aos calados, nada há a criticar… se nada dizem! E a qualidade é um grande defeito para a inveja. Inveja dos resultados, não do trabalho que custa alcançá-los. Não faltando qualidade a este jovem grupo de teatro, deixo o meu desejo para que a inveja fique longe deles.

*Luís Norberto Lourenço
(Organizador da Casa Comum das Tertúlias)

Castelo Branco

Artigo de opinião publcado hoje no "Diário XXI", 12/01/2006:
http://www.diarioxxi.com/?lop=subtema&op=a5771bce93e200c36f7cd9dfd0e5deaa
http://www.diarioxxi.com/?lop=artigo&op=a5771bce93e200c36f7cd9dfd0e5deaa&id=e8b40c7bb2149481391289dadd5a10a0

Podem ler o texto completo em:
http://luisnorbertolourenco.blogs.sapo.pt


segunda-feira, janeiro 09, 2006

Nacionalismo à solta no Teatro Nacional D. Maria II?

Teatro D. Maria II reservado para a produção nacional?
Pensava que longe iam os tempos em que se fechava porta ao que vinha de fora, pensava eu que um Teatro Nacional devia estar aberto a toda a produção mundial de qualidade? Isto é, se deveria dar o primado à qualidade e não à nacionalidade dos autores das peças.
Enganei-me!
Anda um nacionalismo à solta po aí.
Só para algumas coisas... que em matéria económica, o capital não tem fronteiras, como bem se vê?
Fiquemos por aqui, para já...

Luís Norberto Lourenço

http://sic.sapo.pt/online/noticias/vida/20060109-Protesto+no+D.+Maria+II.htm